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Advice for the young at heart: os dez anos do meu mad diary

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Quando falei da demolição da casa que me encarava nos olhos pela janela do meu quarto , mencionei uma obra prestes a começar naquele lugar. Desde lá, foram alguns meses de bisbilhotagem. Nesse tempo confirmei que o trabalho de construir um prédio, principalmente quando feito por pessoas excepcionalmente organizadas, hipnotiza quem vê de fora. Já o barulho da máquina de misturar concreto monopolizando o juízo parece querer te forçar a vedar todas as frestas por onde o som do mundo possa passar.  Os palpites sobre o que seria construído foram poucos, só o que fazia mais sentido.  Mesmo assim, ter uma resposta (ainda que óbvia) foi gratificante.  Outra ampliação da escola que tem uma unidade na frente do apartamento onde moro e mais uma do lado, atravessando a rua (pensar em uma encruzilhada pode ajudar). É o que diz o banner que está ali, em cima do muro. Não é chamativo, acho até pequeno se for considerar o propósito dele. Pelo menos o que imagino que seja o propósito del...

Be yourself, no matter what they say

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Não tenho visto nossa vizinha de porta. O tapete da entrada da casa dela perdeu a função. É triste, o tapetinho roxo, murcho, estendido na grade que nos protege, mas principalmente ela, de uma queda feia na escada. Mainha já quis colocá-lo no lugar algumas vezes e em todas eu apareci dizendo que melhor não. Ela deve ter deixado assim por conta da poeira ou pensado em evitar lavar xixi de gato.  Sei quando começou. Em 2021, a nossa casa também ficou completamente vazia. No dia seguinte à partida de titio, trancamos a porta por fora. O único caminho claro era o que nos levava até a casa de vovó, onde disfarçamos mal o vazio ao tentar ocupar cômodos por alguns dias. Desde lá, as ausências um pouco mais incomuns, seja pela duração ou pelo momento, são acompanhas por uma angústia e uma desconfiança enormes. Sempre parecem ou definitivas ou longas o bastante para que alguém se certifique de que vamos dar um jeito de continuar, apesar de tudo.  Coisa de livro de terror. Na volta, ao ...

Be here now • O constrangimento e a coragem de dizer

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     “Queria que referências importantes pra mim não estivessem no meio de um texto que termino [?] de escrever tão irritada”.  "Patti Smith gives a spoken-word performance at Lollapalooza in New York in 1995".     Era a  primeira linha do que estava escrito no rascunho original.      Eu nem desconfiava mais.      Quando o mesmo sentimento me fez voltar.       Lembro de todas as dores de cabeça que arrumei por ter dito num tempo complicado, por ter dito demais, por não ter dito, por não terem escutado.       Penso no que poderia ter sido arranjado, esclarecido e, principalmente, ignorado.      Não sei direito porque o nome é “Be here now”.       Poderia ser "Casual Conversations". Aquela parte:           It doesn't matter what I say           You never listen, anyway      Ou ...

Sopraram cinzas no meu coração

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♯ E, no entanto, é preciso cantar Mais que nunca, é preciso cantar É preciso cantar e alegrar a cidade Música : Marcha da quarta-feira de cinzas Composição : Carlos Lyra e Vinícius de Moraes Álbum : O poeta e o violão Artistas : Toquinho e Vinícius de Moraes Ano : 1975 [ Música do título: Turbilhão - Moacyr Franco ]

Pra onde você vai? Que pressa você tem? [Retrospectiva Spotify]

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Painho me tirou no amigo secreto e me deu de presente um MP3 e um livro. Renato Russo de A a Z . Eu tinha 11? 12 anos? Fiquei muito feliz! São verbetes. Apesar de me incomodar um pouco com a falta de contexto, gosto de ver Renato falar! Foi nesse livro onde li o " Seja sua própria pessoa " que ficou grudado na minha cabeça. Lembrei dessa história na época das retrospectivas musicais do ano passado. Fui atrás dele. No sumário, só a página do Andrea Doria está grifada, com um marca-texto amarelo comum. Então, letra P, de Pessoa: nada. Mas aí lembrei que ele se referia aos fãs.  Deve existir algum tipo de extensão que duplique automaticamente o registro de vezes que a pessoa escutou uma música nas plataformas de streaming. Vi um comentário bem ríspido sobre isso no last.fm, na descrição de um perfil. Fico pensando no porquê, que sempre parece ligado ao que se quer mostrar ou provar pra os outros. Se tivesse um meet and greet como prêmio, talvez. Eu ganhei um vídeo dos integrant...

Meu limite é aqui, infelizmente: entre razões e emoções :(:

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O compartilhamento de música aqui em casa acontece de dois jeitos. Um é a escuta coletiva (na sala, na mesa, em festa, em encontros marcados…), quando a escolha é unânime, o volume do gostar da banda/artista é parecido, mesmo existindo a parte do relacionamento individual com aquelas músicas. A tietagem é colaborativa, todo mundo criando o papel do artista na nossa vida. No outro jeito a banda começa como uma propriedade privada , de uma pessoa só e, depois, com o tempo, é anunciada e aí chega junto quem quiser. É engraçado perceber o momento em que o som antes só tocado nos cantos mais undergrounds de casa, passa a ser cantarolado em público, exibido na tv, no celular, no rádio. As chances de virar um caso de escuta coletiva são grandes. Exemplos: compartilhamos, todas, grandes amores por Stevie Wonder. Por Ana Carolina, claro. Painho ouviu gritar e virou fã de Jeff Buckley. E mainha, com uma certa demora, agora é fã de NX Zero. Isso pode ter um pouco a ver com o fato de eu não calar...