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Mostrando postagens de 2020

la vida secreta de las palabras

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quando comecei a escrever aqui, agora, percebi que não tem jeito. acabo mencionando clarice em algum momento. ela apareceu em todos os meus blogs transitórios. tanto que eu não lembrava que há um ano tinha escrito em um deles: aos 41 anos da morte de Clarice, ao seu aniversário e ao tempo em que tenho aprendido a amá-la . era uma foto muito bonita dela e um poema de drummond (talvez eu tenha certa fixação por amizades alheias). " visão de clarice ", o nome do poema.  mais tarde, um dia...saberemos amar clarice .  todo mundo fala. mas desconfio que nunca vou saber.  esse ano de distância. o último livro que li foi um dela. a via crucis do corpo .  eu disse lá que  "nunca consigo traduzir de um jeito racional o efeito que o texto de clarice lispector tem sobre mim. não é totalmente agradável. mas é potente. terminando de ler fiquei pensando em como esse título coube...perfeitamente. essa coisa de morrer:".  essa coisa de morrer... falar de clarice me faz ter vontade d

I didn't write that song

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queria ser melhor em criar contextos. sei lá, melhorar minha capacidade de sugerir uma conversa. não sei se faz sentido começar dizendo que meu nível de leitura de comentários é muito mais alto que o de qualquer outro gênero. ou que como não sei escrever, leio. mas também escrevo, só que não comentários. desses eu me contento em ser espectadora.  procurei tanto por um vídeo de bowie (que, na minha cabeça, é uma apresentação ao vivo de sound and vision ) por causa daquela mulher. ela dizia que quando sua mãe faleceu, ninguém se preocupou em ligar pra perguntar como ela estava. diferente de quando david morreu. ela tinha perdido seu melhor amigo. também queria encontrar o menino dizendo que seu pai, agora em outro plano, cantava kryptonia pra que ele parasse de chorar e conseguisse dormir.  meus dias são uma coisinha a mais quando esbarro com alguém assim. alguém que se dispõe a estar nesse espaço descoberto se sustentando em fragmentos de vida. percepções, sentimentos, experiências, de

b-side sad/sad

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until my whole head screams with grinding my teeth desperate to find a single word i can keep any kind of faith any kind of fix in just any kind of world that doesn't make me sick and i keep saying i will but i won't i keep saying i do but i don't and i keep saying i feel but there's nothing to feel just the strange kind of nothing where there used to be me faixa : it used to be me álbum : b-side do the 13th banda : the cure ano : 1996

um perfil literário

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nessa de aceitar e conviver com uma memória esquecedora ou que seleciona e tende pra um lado meio doido, não muito pragmático, vi a necessidade de elaborar espaços nos quais eu pudesse guardar alguns pensamentos que imaginasse importantes. no caso dos livros, eu fazia isso no meu "perfil pessoal" do instagram, porque considerava a leitura como parte fundamental da minha vida, não ia fazer mal. claro. acho que essas coisas não se separam. mas depois, considerando o meu péssimo manejo com redes sociais, fui ficando com agonia. de saco cheio. apaguei tudo. apaguei conta. depois de um tempão criei uma só pra falar de livros, desconsiderando o meu péssimo manejo com redes sociais. um lugar no qual eu conversava comigo mesma sobre o que lia. mas também gostava da possibilidade de trocar ideia com outras pessoas.  eu tinha a sensação de que não era por ali, mas me baseava naquele direito às tentativas, aos novos começos, às possibilidades, mesmo que já escancaradamente fadadas ao fr

here is one

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this is a song about not feeling so bad about your mortality when you have true love  jeff buckley, live at the sin-é, new york, ny - july/august 1993 bia vive me perguntando: qual é o meu filme favorito, cacá? minha comida favorita? minha música favorita? assim do nada? tu sabe qual é a minha? eu mesma não sei. dia do rock e eu pensando naquelas conversas que tentam decifrar o que é ser roqueiro, conversas que falam de tudo ser mais sobre postura do que outra coisa. pensando em como consigo dar um jeito de colocar jeff buckley no meio de qualquer assunto. e encontrei solta bem na minha frente a música que mais gosto dentre todas que já conheci nessa vida. com o coração todo mesmo.  all flowers in time bend towards the sun. todas as gravações feitas e até fragmentos dela escondidos em algumas apresentações .  a minha maior queda é pelo dueto. elizabeth fraser é tudo.  foi meu toque de celular por muito tempo. a época em que eu mais queria receber uma ligação e deixar tocando até o fin

tudo o que eu queria dizer na aula passada e na outra e na próxima

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eu poderia ser um padre ou um dentista um arquiteto, um deputado ou jornalista eu poderia ser ator e me dar bem ser um poeta que escreve versos como ninguém eu poderia ser um general da banda uma modelo, um herói da propaganda eu poderia ser escravo do trabalho ser um banqueiro, um estilista do baralho e não há nenhuma outra hipótese que eu não considere, mas o que eu queria mesmo ser é a cássia eller acho que finalmente entendi o que ela queria dizer queria falar sobre a origem dos mitos japoneses. sobre estratégias e conveniência. queria falar de como me sinto mais confiante lendo um autor que se mostra e é honesto. queria falar que quase nunca pego de primeira. e que demoro. da experiência horrível que minha irmã teve com comentários ofensivos. sobre não aguentar mais escutar homens falando besteira e ficar calada. de pedir pra terem cuidado com o cara que fez os filmes. queria falar de como li a mão esquerda da escuridão sem dar muita atenção às minhas percepções insistentes. geral

revelação

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tempo de exigências. discordâncias. muitas. e graves. fiquei de mal com raimundo fagner. é chão até que eu descubra como lidar com esses rompimentos de expectativas. com esse negócio meio torto de cancelamento. sei que hoje aconteceu uma daquelas.  tem o livro de josé teles sobre música. frevo. manguebeat. tem o capítulo sobre robertinho de recife.  me pegou. a trajetória do cara em nove páginas. uma viagem. cheia entradas e saídas.   sei lá, foi chegando no final e eu querendo conversar sobre o que ele tinha feito. sobre aquela guitarra meio desacreditada a princípio. a perda sem tamanho. a volta à música por causa de uma insistência no que sua guitarra, agora certeira, podia produzir de som. ao menos em uma faixa do LP.  perguntei: painho, o senhor sabia que é robertinho na guitarra em revelação? ele sabia. ele sempre sabe dessas coisas.  fiquei pensando em como a gente pode gostar muito de algo e com o tempo isso ir se esvaziando de significado

algunos quieren ver la aurora

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