Be yourself, no matter what they say

Não tenho visto nossa vizinha de porta. O tapete da entrada da casa dela perdeu a função. É triste, o tapetinho roxo, murcho, estendido na grade que nos protege, mas principalmente ela, de uma queda feia na escada. Mainha já quis colocá-lo no lugar algumas vezes e em todas eu apareci dizendo que melhor não. Ela deve ter deixado assim por conta da poeira ou pensado em evitar lavar xixi de gato. Sei quando começou. Em 2021, a nossa casa também ficou completamente vazia. No dia seguinte à partida de titio, trancamos a porta por fora. O único caminho claro era o que nos levava até a casa de vovó, onde disfarçamos mal o vazio ao tentar ocupar cômodos por alguns dias. Desde lá, as ausências um pouco mais incomuns, seja pela duração ou pelo momento, são acompanhas por uma angústia e uma desconfiança enormes. Sempre parecem ou definitivas ou longas o bastante para que alguém se certifique de que vamos dar um jeito de continuar, apesar de tudo. Coisa de livro de terror. Na volta, ao ...