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Mostrando postagens de 2021

sempre acaba virando um texto sobre outra coisa

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esse seria um texto sobre todas as coisas que ainda vão ser mencionadas aqui. agora vai ser um texto sobre todas essas coisas, só que de outro jeito. porque parece que eu me dei ao luxo de ter o direito de não fazer análises formais. apesar de que não é por isso que vou deixar de colocar o meu olhar sobre as coisas. e esse é um movimento que considero sério (e parcial). eu desdobraria cada um dos pontos, as ligações que percebi entre eles, os símbolos que enxerguei, os significados, o que me chamou a atenção. procuraria alguém que me ajudasse a ajustar e sustentar os pensamentos que fossem surgindo. faria daquele jeito que geralmente desperta a sensação de que você não está dizendo o suficiente.  mas decidi que só quero ter aproveitado mesmo. e mais nada.  por exemplo, 'as horas' é um dos meus filmes preferidos. exercício : - por quê?  resposta: porque sim .   não sei de que jeito o que fica, fica.  adoro quando leio, assisto ou escuto alguma coisa e lembro de ter visto alguém

"sandy abra os olhos"

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foram dias e dias.  naquela hora em que a notícia de que titio tinha feito a travessia caiu seca no nosso peito, eu olhava pra um jim carrey confuso. não via aquele filme há anos. e nem sei como guardei essa lembrança. sabe quando a gente tá doente e come alguma coisa que desce mal e depois, de alguma forma, aquela comida se encarrega de trazer a memória, ainda que fisiológica, de um momento ruim na sua trajetória? pode ser isso.  a novela favorita de vovô era cabocla. parece que vejo ele sentado com as pernas esticadas e cruzadas em cima do sofá. e ele foi embora no quando o último capítulo foi transmitido.  no momento em que a vida se disfarçou de pausa mais uma vez, à noite, a cabeça fingia traçar planos focados na ideia de continuidade. descobri que era o último capítulo de floribella. achei suspeito, porque eu sempre disse que nunca mais veria o final. "só até o penúltimo". fazia tempo que tinha parado de assistir, mas naquele dia, por acaso, eu vi. vi fred desaparecer d

why do i keep counting?

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não terminei de ler isaías caminha. todas as vezes que entro nesse blog é pra acrescentar besteira a algum rascunho. esse daqui existe há mais de três meses. e já foi tão emperiquitado que nem como retrato de uma época serve. decidi que seria hoje ou nunca mais.  hoje (um dia de abril? maio?) eu tô melhor. mas ontem me arrependi assim que dei o primeiro gole no café. virei pra mainha e disse: não devia tá fazendo isso, vou ter um sono perturbado. no meio da noite lembrei que tinha quase desistido de falar de março. eu tento parar com isso, mas aí patti smith começou com aquela coisa de referências. "não aja como se tivesse 10 mil anos de vida". "vou viver minha vida do jeito que eu quiser". o que marco disse é o nome do capítulo. ela disse que ele pediu pra que a gente reparasse na passagem do tempo de olhos abertos. as outras palavras são o que jimi hendrix falou. e eu decidi que aquilo era um sinal. porque nessa mesma parte patti fala de março: 1. primeiro de març

vai chover...

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onde eu morava antes de agora, uma vizinha de baixo colocou uma caixa com livros que ela não via mais sentido em ter. decidiu deixar por um tempo na frente de sua porta, pra que se, por acaso, alguém quisesse algum deles...mainha me avisou, e como fiquei com um pouco de vergonha de ir até lá, subiu as escadas com a caixa nas mãos. alguns romances espíritas, porque o marido tinha mudado de crença; livros que entregaram uma quase antiga graduação em letras...tenho o de latim, alguns de poesia, outros clássicos, dom casmurro..., identificados com um remetente de cajazeiras. o recordações do escrivão isaías caminha , de lima barreto, está entre eles, mas suas marcas são quase todas temporais, e de manuseio. folheando vi o único risco à lápis, de todo o livro, à margem, destacando uma frase logo no início. apenas essa. "O espetáculo de saber de meu pai, realçado pela ignorância de minha mãe e de outros parentes dela, surgiu aos meus olhos de criança, como um deslumbramento." uma e

um livro de quê

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não tinha percebido, até agora, como 2020 conseguiu se enfiar em vários formatos, menos naquele que costumamos considerar o de um ano. essa massa disforme, composta de atitudes tão horríveis, além de tudo, evidenciou o que vem de dentro, inclusive os incômodos. aquela onda de não saber quem se é, mas saber do que, definitivamente, não gosta. um tempo de tentar entender. minha relação com leituras sempre foi muito entregue ao universo. as tentativas de seguir metas, desde o início condenadas ao fracasso, só disfarçavam a vontade de ter controle sobre alguma coisa nessa vida. ou um tipo de garantia de que iria continuar. não adianta, o que me importa mesmo é ter intimidade com a história. do livro, da leitura, da conversa. lembro que no linha m patti fala muito de listas. preciso de listas pra organizar pensamentos. não são rankings, contagens ou qualquer coisa parecida. servem pra que eu possa lembrar e até perceber o caminho. essa daqui debaixo se transformou num tipo de guia, um álbu