um rascunho velho disfarçado de novidade

[faz quase 1 ano] eu, que defendo que nem tudo precisa ter o propósito perfeito nessa terra, nesse momento (por mais que ainda não tenha conseguido assimilar bem esse valor ao que pretendo fazer todos os dias),...estava lendo a biografia de um artista ícone em seu país. já tinha ouvido falar que spinetta não "gostava" de política. e lá no livro existem partes sobre momentos em que algumas músicas dele foram usadas em protestos na argentina. e ele dizia: não / eu não falo sobre isso. (inserir essas partes). e eu: mas, cara, tudo é político. por que se retirar desse lugar?

até que apareceu pra mim, no youtube, uma entrevista com ele. e ele diz: não, estou ciente de que tudo é político. e se uma pessoa achou minha letra pertinente para aquele momento, aquele contexto, ótimo! eu não vou achar ruim. mas se ela não usar a minha música com esse propósito também não vou achar ruim.

sabe? 


[atualização] lendo esse rascunho agora, penso que ele poderia se transformar em uma coisa bem melhor. mas decidi que não. 

gente: música, né? de quantas formas aquela música pode chegar até uma pessoa?

lembrei desse vídeo de thiago: mensagens literais, interpretações, leitura e pesquisa. e dopamina.

tive uma aula semana passada. foi quando me senti extremamente contemplada por uma confissão da professora. ela, da área de letras, professora do departamento de comunicação, disse que é "péssima" no assunto "interpretação de texto". quando dava aula do que pedem os programas dos ensinos fundamental e médio, precisava recorrer às respostas que ficavam no final do livro do professor. a justificativa que ela deu foi a de que nunca consegue aceitar que aquele texto (no caso, isso poderia ser dito sobre diversas, se não todas, as coisas dessa vida, né?) vai admitir apenas uma interpretação. a única correta. a verdade absoluta sobre o que se lê. claro que ela abriu um parêntesis dizendo que uma coisa também não significa tudo, que pode haver, e há, limites. mas todas as pessoas precisarem enxergar do mesmo modo o que está ali?...

fiquei pensando nisso e fui lembrando, ali mesmo, na sala de aula, de todas as provas de vestibular que fiz. das provas de linguagens com cinco alternativas para cada questão. e aí me dei conta de que criei, inconscientemente, uma estratégia. tente pensar como uma pessoa com um cérebro mais dado ao pragmatismo pensaria. tente pensar como o 'livro do professor' com as respostas certas no final. e fazia rabiscos, no papel limitado, de tudo o que achei que também poderia ser. 



Comentários

  1. oi mariaaaaa!!!!!! quanto tempo :') esse rascunho é novidade sim, pois trata logo desse assunto que é atemporal... sempre me deixa reflexiva. (e você escreve de uma forma tão gostosa de ler que qualquer assunto fica interessante. sério.) sempre muito bom ter algo novo seu pra ler :') espero que esteja tudo na medida do possível por aí, um abraço em tu!

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