I didn't write that song
queria ser melhor em criar contextos. sei lá, melhorar minha capacidade de sugerir uma conversa. não sei se faz sentido começar dizendo que meu nível de leitura de comentários é muito mais alto que o de qualquer outro gênero. ou que como não sei escrever, leio. mas também escrevo, só que não comentários. desses eu me contento em ser espectadora.
procurei tanto por um vídeo de bowie (que, na minha cabeça, é uma apresentação ao vivo de sound and vision) por causa daquela mulher. ela dizia que quando sua mãe faleceu, ninguém se preocupou em ligar pra perguntar como ela estava. diferente de quando david morreu. ela tinha perdido seu melhor amigo. também queria encontrar o menino dizendo que seu pai, agora em outro plano, cantava kryptonia pra que ele parasse de chorar e conseguisse dormir.
meus dias são uma coisinha a mais quando esbarro com alguém assim. alguém que se dispõe a estar nesse espaço descoberto se sustentando em fragmentos de vida. percepções, sentimentos, experiências, de fora pra dentro de quem consegue ler. a sensação é a de que nada pode significar mais, tudo se transfigura. histórias, às vezes em uma frase, que nos permitem acessar lugares ocultos ou esquecidos. foi desse jeito que essa música chegou em mim também.
acesso, ao invés do distanciamento que thom (supostamente) falou aqui embaixo.
radiohead tem essa queda por disponibilizar portais. e descobri que se perder num deles é uma possibilidade. a depender de nossos ciclos. a tentativa de descrever uma sensação que não pode ser traduzida em qualquer linguagem, querer entender os porquês, já diz tudo.
mas desviei de propósito do que queria mostrar, porque tenho medo de comentar sobre esse conto real de thom yorke (eu me nego a duvidar da procedência). alguém quis deixar registrado nos comentários do clipe de street spirit (fade out). um tipo de dizer tão singular, que soa universal.
é uma das minhas músicas favoritas deles.
fico triste, mas não sei se chego a entender tudo.
Thom: “Street Spirit is our purest song, but I didn’t write it. It wrote itself. We were just its messengers; its biological catalysts. Its core is a complete mystery to me, and, you know, I wouldn’t ever try to write something that hopeless. All of our saddest songs have somewhere in them at least a glimmer of resolve. Street Spirit has no resolve. It is the dark tunnel without the light at the end. It represents all tragic emotion that is so hurtful that the sound of that melody is its only definition. We all have a way of dealing with that song. It’s called detachment. Especially me; I detach my emotional radar from that song, or I couldn’t play it. I’d crack. I’d break down on stage. That’s why its lyrics are just a bunch of mini-stories or visual images as opposed to a cohesive explanation of its meaning. I used images set to the music that I thought would convey the emotional entirety of the lyric and music working together. That’s what’s meant by ‘all these things you’ll one day swallow whole’. I meant the emotional entirety, because I didn’t have it in me to articulate the emotion. I’d crack… Our fans are braver than I to let that song penetrate them, or maybe they don’t realise what they’re listening to. They don’t realise that Street Spirit is about staring the fucking devil right in the eyes, and knowing, no matter what the hell you do, he’ll get the last laugh. And it’s real, and true. The devil really will get the last laugh in all cases without exception, and if I let myself think about that too long, I’d crack. I can’t believe we have fans that can deal emotionally with that song. That’s why I’m convinced that they don’t know what it’s about. It’s why we play it towards the end of our sets. It drains me, and it shakes me, and hurts like hell every time I play it, looking out at thousands of people cheering and smiling, oblivious to the tragedy of its meaning, like when you’re going to have your dog put down and it’s wagging its tail on the way there. That’s what they all look like, and it breaks my heart. I wish that song hadn’t picked us as its catalysts, and so I don’t claim it. It asks too much. I didn’t write that song.”
faixa: street spirit (fade out)
álbum: the bends
banda: radiohead
ano: 1995
peço desculpas por essa moldura insuficiente...
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