why do i keep counting?

não terminei de ler isaías caminha.

todas as vezes que entro nesse blog é pra acrescentar besteira a algum rascunho. esse daqui existe há mais de três meses. e já foi tão emperiquitado que nem como retrato de uma época serve. decidi que seria hoje ou nunca mais. 



hoje (um dia de abril? maio?) eu tô melhor. mas ontem me arrependi assim que dei o primeiro gole no café. virei pra mainha e disse: não devia tá fazendo isso, vou ter um sono perturbado. no meio da noite lembrei que tinha quase desistido de falar de março. eu tento parar com isso, mas aí patti smith começou com aquela coisa de referências. "não aja como se tivesse 10 mil anos de vida". "vou viver minha vida do jeito que eu quiser". o que marco disse é o nome do capítulo. ela disse que ele pediu pra que a gente reparasse na passagem do tempo de olhos abertos. as outras palavras são o que jimi hendrix falou. e eu decidi que aquilo era um sinal. porque nessa mesma parte patti fala de março:

1. primeiro de março, aniversário de casamento 2. "os próximos dias de março foram uma provocação" 3. "ventos de março. águas de março. idos de março. e, é claro, a lebre de março." 4. "as primeiras horas de março derreteram nos dias que se seguiram".

como sempre, parecia uma provocação. e quem me convenceria do contrário?

é que, também, se eu não explicar pra mim mesma algumas coisas, fica difícil continuar vivendo. 

queria escrever aqui como eu tava me sentindo no meu aniversário. mas fui tentando entender tanto, tentando entender tanto...e agora (?) nem lembro o que existia naquele momento. por isso não sei no que se transformou. e nem se eu diria.  

mas é quase isso. a solução pra mim é só escrever logo, sem pensar tanto. talvez seja o único jeito de chegar a algum protótipo de resposta que sirva pelo menos pra acalmar essa mania de colocar tudo em um lugar de sentido descomplicado.

só que nem tento me enganar. será que alguém pode me ajudar? não aguento mais a culpa de perceber que esqueci. e eu sempre esqueço errado.

nem vou falar de compartilhar e ao mesmo tempo querer fazer de um pensamento um ponto de partida só seu. se eu fosse escritora seria bem pior. certeza. vi alguém dizendo que saber o que se quer é tão importante quanto saber do que não gosta. aqui é um sofrimento querer. precisar escrever, espiritualmente falando, e não conseguir nem se levantar pra pegar um lápis. às vezes é uma necessidade exagerada pra o tamanho do que precisa ser colocado daquela forma. é meio doido. porque é uma angústia danada quando me toco de que tô deixando passar muitas imagens sem antes entender direito o que elas são, o que podiam representar pra mim. e escrever é esse processo de conhecer! ainda não sei deixar essas sementes só passarem.  

essa ideia era minha obsessão quando comecei a reler um livro, que é bem clássico, e que também não terminei. ele me solta: "não marquei a hora exata daquele gesto. devia tê-la marcado; sinto a falta de uma nota escrita naquela mesma noite...". e no mesmo tempo veio outro livro. ela disse: "às vezes, eu escrevia coisas porque não conseguia dizê-las, não conseguia entender meus sentimentos em relação a elas, não conseguia mantê-las presas dentro de mim. era um tipo de escrita que eu sempre destruía depois. não era para ninguém.". não era pra ninguém!!! sei que tirar citações do contexto do livro pode ser muito constrangedor, mas são pedaços sincronizados que fizeram sentido pra mim no mesmo lugar. 

nunca vou me cansar desse caráter indiscreto da leitura que faz com que a gente perceba tantas coisas nossas sem que isso nem mesmo seja um propósito. e como esses amanheceres diminuem o medo de perder o que parece ser a vida acontecendo a todo instante. abraçar um pouquinho o caos.  

nem por isso escrever num blog deixa de ser estranho. "ah, agora vi onde eu tava ou queria chegar". a vontade de apagar logo depois. 

mas nada tão perturbador quanto escrever coisas que não são minhas, de nenhum jeito. um dia desses fiquei paralisada, na frente do computador, por causa de um medo muito concreto de começar a ver o mundo como se ele fosse colecionável. é aí onde dá pra se perder.

preciso ler. e não ligo.

(tudo faz menos sentido a partir de agora) quando chega o dia do meu aniversário costumo me dar conta do que tá mais urgente aqui dentro. o dia de todas as revelações. dessa vez fiquei pensando em como me relaciono com as coisas de um jeito orgânico (?), o que muitas vezes faz com que eu me desespere. "feel no shame for what you are" é um pedaço de uma música de jeff buckley que ficou escrito no quadrinho do quarto de dezembro até o mês passado (?). mesmo se for uma pessoa com muitosssss defeitos? mesmo assim, parece. o negócio é aceitar os meios que achei pra continuar vivendo e fazer com que meus processos sejam pelo menos conscientes. o que não são :) e isso me atrapalha com tudo. gasto o dia tentando organizar uma conexão com o pragmático. gosto de listas porque elas me ajudam a traduzir. pra estudar um idioma, por exemplo. um esforço de pifar um cérebro "elaborando" métodos, estruturas bem estabilizadas, porque se não, não vou. mas nem adianta, tudo condenado ao fracasso. só não se tiver alguém do meu lado. preciso de mais vidas pra ser autodidata.

acho que depois desse tempo todo devo ter desaprendido a ser gente fora de mim. 

marcianas têm a ver com março? porque ia reivindicar o lugar delas como meu também. é que ser introspectiva não significa estar lidando bem com tudo isso. acho que retrocedi uns 50000000 passos no desenvolvimento das minhas habilidades sociais k que já não eram boas. 

o bolo do aniversário de mainha foi o mais organizado que já fiz. untei e coloquei farinha na forma antes de tudo. pela primeira vez na vida.

"um tempo em que cabiam mais coisas". não lembro de onde veio. 



Comentários

  1. me identifico muito com encontrar pedaços de relatos que a gente mexe tanto que nem sabe mais o que eles são. direto eu encontro notas em algum lugar sobre alguma coisa que eu não faço a menor ideia de como eu continuaria — eu resisto a criar rascunhos no blogger por causa disso: eu nunca conseguiria continuar um raciocínio abstrato em outro momento que não o momento em que o raciocínio surgiu, hahaha.

    a última parte me pegou de jeito. “acho que depois desse tempo todo devo ter desaprendido a ser gente fora de mim.” é bem isso. e “um tempo em que cabiam mais coisas”... ai, ai. às vezes me sinto vivendo em uma xícara de chá emocional dentro da minha cabeça, mas com 3 litros de chá escorrendo por cada lado e espirrando por tudo quanto é superfície.

    beijos, maria!

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    1. a gente conversa muito no campo das notas e listas hahah

      aqui é essa bagunça. uma colagem meio ruim de raciocínios abstratos que tavam rabiscados em algum lugar. acho que é como a minha cabeça funciona. talvez por isso eu insista em desenvolver essas ideias que não fazem sentido hahah não sei.

      tu pensa na saída??? menos chá? mais espaço?????

      beijos, arantxa! acho você demais. brigada por aparecer por aqui.

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    2. não tenho tanto controle sobre o chá, então acho que mais espaço. mas como a gente consegue mais espaço quando já resta tão pouco?? no fim, a gente tenta beber o chá pra não derramar e acaba com a boca toda queimada. carambolas.

      beijo!! <3

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  2. não sei se entendi tudo ou se não entendi nada, mas o que importa! sempre marco tudo que gosto nos livros mas não anoto, só quando decido rever o que marquei e me vejo mais uma vez naquelas marcações. gostei tanto tanto de como tu escreve, só escreve e vai e no fim é lindo! me lembrou muito o caio fernando de abreu, pelo menos que li dele ate agora. esse livro é aquele só garotos, da patt?

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    1. oi, gabi! que bom te ver por aqui. adoro o teu blog <3

      raramente lembro de marcar livros, então quando lembro é porque alguma coisa bateu aqui dentro. e brigadaaa! ainda não li nada de caio fernando, mas por tudo o que escuto dele...que responsabilidade hahaha

      não, esse é o 'o ano do macaco'. mas o 'só garotos' é muito legal também.

      beijos!

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  3. café me deixa perturbada também. a pessoa é masoquista por fazer coisas que não fazem bem (sabendo que não fazem)? acho que tá tudo bem desistir de falar sobre as coisas. pensei que eu postaria sobre o mês que passei me dividindo em várias para lidar com os meus pais doentes, mas desisti. queria ter dito que fiz uma maratona assistindo filmes do shrek quando meu pai tava de cama (pois foi muito marcante pra mim), mas não o fiz.

    pensar tanto sobre as coisas ao ponto de não lembrar mais sobre elas, pois a cabeça já começou a inventar que foi de outro jeito, acontece? feliz aniversário!

    pedacinhos de livros que (de forma não proposital) se tornam mais importantes que o livro em si, haha <3 a leitura é uma coisa incrível, né? cê nem terminou, nem sabe se vai, se quer, mas já te marcou um tantão. quando o livro de repente fala com você é bom demais e ainda mais especial quando nem era a intenção dele! uma conexão inexplicável.

    ai sua escrita é tão, TÃO. eu amo. bom saber que você flutua por aqui mesmo não postando, por favor, se possível, não deixe de vir. é um prazer ler você! a vontade de apagar tudo caminha de mãos dadas com a vontade de compartilhar!!! mas se não quiser tudo bem também.

    até mais! :)

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    1. eu realmente não sei. talvez seja porque a gente tenha uma crença boba de que daquela vez vai ser diferente?!?!! heheh

      adorei que, no final de tudo, você acabou dizendo aqui que fez maratona de shrek quando teu pai tava de cama (vocês tão bem?).

      acontece muitooo...brigada, nicole :)

      o encontro de cada pessoa com cada livro...olha. é um negócio muito doido, né?!

      mulher, que bom que tu acha isso. fico muito feliz.

      o estranho peixe não me aguenta mais hahah dessa vez vou tentar mandar sinais com mais frequência!

      beijos. até :)

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