Diário de escrita (TCC) #Pré1
Oie! Não sei como deve ser um Diário de Escrita. Se deve ser alguma coisa. Vamos ver. No meu diário pessoal (hihih), um caderninho que tenho desde 2015, escrevo sobre angústias gerais, quando quero entendê-las de algum modo ou quando sei que consigo explicá-las. Tudo vira uma espécie de acervo a ser consultado em caso de confusões. Talvez um diário de escrita siga a mesma lógica. Um lugar onde eu possa dizer um pouquinho sobre a tentativa de descobrir como funciono escrevendo pra cada desafio que aparece. Nesse caso, um Trabalho de Conclusão de Curso.
Escrever pode mesmo esgotar uma pessoa. Principalmente se o resultado de uma autoexploração diga que qualquer coisa que você escreva jamais vai ser desligada de você. Também pesa a decisão de não querer colocar mais uma coisa vazia de gente em cima da pilha de noites mal dormidas pelos motivos errados. Não precisava ser tudo isso. Mas às vezes é!
Principalmente se a trajetória for comprida, solitária e exija muitos retornos. Sei que me perco quando fico muito sozinha, compartilhar o que me chame a atenção nisso tudo talvez ajude um pouco. Por isso quero registrar os meus passos aqui, pra entender melhor, pra saber como voltar, pra sentir que alguém me faz companhia (e me organizar pra não inventar mais uma fonte de angústia).
Há um ano criei um rascunho aqui no blog chamado “autodidatismo”. É um conceito que me persegue, mas descobri aos poucos que não é uma habilidade minha (por mais que eu queira). Não tem quem me faça largar a ideia de que pra conseguir respeitar o que me oferecem de saberes preciso sistematizar o que recebo. Porque normalmente esse monte de coisa acaba virando perturbação.
Esses dias vi, por acaso, um episódio do programa “Transando com Laerte”. Nando Reis era o convidado. Coisa de dez minutos. Nando, que parece que fala pra se guiar, conta uma história de como decidiu cursar a graduação em matemática, apesar de ser uma pessoa totalmente imersa no campo das ciências humanas. Um dia ele tava na casa de praia da família e, olhando pra o mar, pensou que deveria existir uma equação que explicasse o ciclo das ondas. Olha esse motivo, cara! Ver as ondas e querer saber explicá-las através da razão…
E aí fiquei pensando em quantas vezes professores, nos primeiros dias de aula (dos quais não tenho sido entusiasta) de algumas disciplinas que cursei, perguntaram o porquê de cada um estar ali. Ah, porque eu gosto de gramática e literatura. Ah, porque sempre quis ser professora. Ah, porque o compromisso social da nossa profissão. O que saiu da boca sem um pingo de convicção. A mais ou menos verdade é que, por ter uma relação precária com a organização dos pensamentos, preciso de companhia e de ambientes que me ajudem a encontrar como fazer o que acredito que seja o meu modo de existir e de colaborar com a comunidade da qual faço parte. E o que eu me propus a fazer só acontece com palavras, com a substância da conversa.
A possibilidade de me dar conta de que esse processo não me ajudou a existir no que acho que seja a minha vida em si é um fantasma chatíssimo que me acompanha.
Minha relação com a universidade é estranha. Adoro ter aulas, falto pra caramba! Sei muito pouco sobre pouca coisa da instituição em que estudo. Não sei se existe uma quantidade de anos específica, mas dizem que quem fica muito tempo por lá vira gato. Semana passada, assim que coloquei meus pés no campus, senti que estava me transformando em outra criatura. O sapato começou a parecer muito apertado; o jeito de sentar, muito curvado; o cabelo, arrepiado; falar com pessoas, difícil. E aí percebi que era um aviso de que esse corpo talvez não aguente por muito mais tempo essa tarefa.
Espero voltar aqui pra falar sobre esse processo duas vezes por mês, pelo menos.
Até mais!
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