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Be yourself, no matter what they say

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Não tenho visto nossa vizinha de porta. O tapete da entrada da casa dela perdeu a função. É triste, o tapetinho roxo, murcho, estendido na grade que nos protege, mas principalmente ela, de uma queda feia na escada. Mainha já quis colocá-lo no lugar algumas vezes e em todas eu apareci dizendo que melhor não. Ela deve ter deixado assim por conta da poeira ou pensado em evitar lavar xixi de gato.  Sei quando começou. Em 2021, a nossa casa também ficou completamente vazia. No dia seguinte à partida de titio, trancamos a porta por fora. O único caminho claro era o que nos levava até a casa de vovó, onde disfarçamos mal o vazio ao tentar ocupar cômodos por alguns dias. Desde lá, as ausências um pouco mais incomuns, seja pela duração ou pelo momento, são acompanhas por uma angústia e uma desconfiança enormes. Sempre parecem ou definitivas ou longas o bastante para que alguém se certifique de que vamos dar um jeito de continuar, apesar de tudo.  Coisa de livro de terror. Na volta, ao ...

Be here now • O constrangimento e a coragem de dizer

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     “Queria que referências importantes pra mim não estivessem no meio de um texto que termino [?] de escrever tão irritada”.  "Patti Smith gives a spoken-word performance at Lollapalooza in New York in 1995".     Era a  primeira linha do que estava escrito no rascunho original.      Eu nem desconfiava mais.      Quando o mesmo sentimento me fez voltar.       Lembro de todas as dores de cabeça que arrumei por ter dito num tempo complicado, por ter dito demais, por não ter dito, por não terem escutado.       Penso no que poderia ter sido arranjado, esclarecido e, principalmente, ignorado.      Não sei direito porque o nome é “Be here now”.       Poderia ser "Casual Conversations". Aquela parte:           It doesn't matter what I say           You never listen, anyway      Ou ...