here is one

this is a song about not feeling so bad about your mortality when you have true love 
jeff buckley, live at the sin-é, new york, ny - july/august 1993



bia vive me perguntando: qual é o meu filme favorito, cacá? minha comida favorita? minha música favorita?

assim do nada? tu sabe qual é a minha? eu mesma não sei.

dia do rock e eu pensando naquelas conversas que tentam decifrar o que é ser roqueiro, conversas que falam de tudo ser mais sobre postura do que outra coisa. pensando em como consigo dar um jeito de colocar jeff buckley no meio de qualquer assunto. e encontrei solta bem na minha frente a música que mais gosto dentre todas que já conheci nessa vida. com o coração todo mesmo. all flowers in time bend towards the sun. todas as gravações feitas e até fragmentos dela escondidos em algumas apresentaçõesa minha maior queda é pelo dueto. elizabeth fraser é tudo. 

foi meu toque de celular por muito tempo. a época em que eu mais queria receber uma ligação e deixar tocando até o final. parecia uma eternidade. dizendo por dizer, na segunda vez eu atendia. é a materialização do que um clássico pode ser. carregado de atmosferas sobrepostas. porque "inacabada", talvez. de minha parte, não sei se tinha como melhorar. é bonita de um jeito surreal, de tantas formas. esse título todo transitório. quebra umas regras. a cada tempo que volto a ficar obcecada por ela, uma viagem diferente. é mais sobre a postura deles em relação a tudo que outra coisa. 


faixa: all flowers in time bend towards the sun
artistas: jeff buckley/elizabeth fraser
ano: 1995/1996

fui descobrindo como conhecer jeff aos poucos. por fases, repetitivas e confusas até.

tem a de escutar músicas específicas dele no meio de playlists aleatórias que faço pra ir ali (a minha favorita, a mais pretensiosa, sempre finjo surpresa). de escutar os discos inteiros todos os dias. de ver os clipes. de ver os vídeos de apresentações ao vivo. de tentar decifrar as demos, os outtakes. as entrevistas. de ficar olhando fotos. de falar sobre ele sem parar.

faz muito tempo a gente tava numa estrada esquisita, dentro do carro, e um dos pneus estourou. percebi na hora que tava tocando grace. esse costume inconsciente já de querer associar tudo ao que tiver mais próximo a todo custo. deve ser coisa de quem tem memória estranha. algum mecanismo disparou aqui dentro fazendo com que eu criasse um medo bizarro e insistente de escutar qualquer música de jeff, principalmente grace, fora de casa, em movimento. fosse negócio de pressentimento ou premonição. às vezes eu me forço a fingir que ignoro essa paranoia e coloco grace lá fora, num impulso meio rebelde. quebrando uma regra ridícula. jeff buckley largou tudo pra ser meu mensageiro. 

[ainda que isso só faça sentido na minha cabeça] no carnaval desse ano aconteceu uma anunciação mística dessas. agora eu tava consciente de como funcionava. no meio de olinda, chão queimando, escutei um som conhecido. quase não acreditei que a galera tava testando o som na praça com everybody here wants you. e essa nem é a que diz mais sobre mim. mas fiz aquela festa interna, meio confusa pra quem tá por fora. foi uma chatisse, até eu sei. a cada 20 minutos queria dizer o quanto tinha ficado chocada. e feliz também. 

voltando pra casa, no ônibus, disse à minha irmã que aquilo era um sinal, com certeza. não sei se ela me levou muito a sério. pareceu ter acreditado. a pira das ideias.




eu acreditei e esperei pra ver. gostava de ficar procurando alguma coisa minha nele, alguma coisa dele em mim. até no cabelo. velho! agora eu nesse curso intensivo de convivência comigo mesma. descobrindo precisar estar disposta a ir atrás de saber dos erros todos. a entender a fugacidade do tempo. a aprender a ser corajosa. soltar o controle e dar uns gritos.

coldplay tem até uma música. crests of waves. é das minhas favoritas dos lados b. diz que podia ser pior, eu poderia estar só. eu poderia estar trancada aqui comigo mesma. 

faixa: crests of waves
álbum: clocks
banda: coldplay
ano: 2002
...

no início da quarentena o que sustentou meus momentos pré-sono foi uma leitura demorada do linha m, de patti smith e escutar um sketches for my sweetheart the drunk fragmentado, principalmente witche's rave. agora, mais na frente, é vancouver que, por exemplo, acaba com o meu coração de um jeito diferente. sabe fazer!!!!!!

esse é o meu jeff buckley favorito. incompleto. imperfeito. sem pudor. so real.

que me faz queimar a língua.
ano passado tentei escrever um texto decente sobre discos póstumos. nunca sai direito. porque nem eu mesma sei o que pensar disso. 

engraçado é que eu falava lá "nãaao, caramba!, tudo isso é só mais um comportamento ocidental problemático diante da morte"; "às vezes é um desrespeito ao legado"; "pode ser uma desconsideração com o artista"; "será que é válido?". menciono as coisas de jeff que foram aparecendo postumamente:

O ‘Sketches for My Sweetheart the Drunk’ é o primeiro passo de um sucesso póstumo que só tem crescido. O disco, que traz a palavra “Sketches” (esboço) no título, é basicamente composto por sessões, que provavelmente não viriam a público por escolha dele. Uma grande quantidade de material ‘ao vivo’ foi produzida e está sendo lançada aos poucos.

aos poucos...

live from, live at...

a milionésima versão ao vivo de grace. e eu lá, com o pé atrás, mas de fone.

ele continua aparecendo vivo por aqui. all the time.

if you knew how i missed you
you would not stay away today

faixa: if you knew
álbum: live at the sin-é
artista: jeff buckley
ano: 1993


*roubando a pergunta que mahmundi postou na @mahmundifm dia 13: o que você faria se fosse um rockstar?
*e essa necessidade de falar sobre o que amamos? 

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